O que é BIM 6D?

A metodologia BIM é enxergada por muitos como o futuro da construção, porém, nós da SPBIM acreditamos que esse futuro já chegou há um tempo.
Em alguns países o BIM já é considerado obrigatoriedade na criação de projetos, e caso sejam elaborados fora desta metodologia, os projetos não serão aprovados para execução. Sendo assim, no Brasil não seria diferente, e a partir deste ano, graças ao Decreto Federal, toda e qualquer obra pública só aceitará inscrições em suas licitações de projetos que sejam elaborados dentro da metodologia BIM.

A metodologia BIM é capaz de acompanhar um projeto desde seu estudo de viabilidade até a sua operação, manutenção e reforma, sendo esse acompanhamento conhecido como o Ciclo BIM. O Ciclo BIM, por conseguir acompanhar todo o ciclo de vida do empreendimento, possui subdivisões, pois nem todos os projetos estão interessados em altos níveis de detalhamento e acompanhamento. As subdivisões são os famosos D’s das dimensões, por exemplo, o BIM 3D que faz referência ao modelo 3D do ativo com as informações inseridas em cada elemento que o compõe. A partir do momento que o modelo recebe informações sobre cronograma e custos, entramos no BIM 4D e no BIM 5D, respectivamente.

Ciclo de Vida BIM / Fonte: SpBIM
Ciclo de Vida no BIM / Fonte: SpBIM

SUSTENTABILIDADE

No decorrer da história, os governantes e empresários buscavam o avanço social e econômico através do avanço tecnológico, porém em um determinado momento, percebeu-se que esse avanço se tornaria insustentável, se não houvesse juntamente um desenvolvimento do cuidado com o meio ambiente. Em Estocolmo, Suécia, na Conferência das Nações Unidas de 1972, o termo Desenvolvimento Sustentável foi reconhecido internacionalmente. O conceito insiste em “Satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”, dessa forma, o desenvolvimento sustentável refere-se ao ambiente, à cultura, à economia e à sociedade, crescendo de forma que não se prejudiquem entre si.

Agora que sabemos quais são as respectivas características de cada dimensão do BIM e qual o significado de Desenvolvimento Sustentável, iremos abordar o próximo nível do BIM: O BIM 6D.

O QUE É BIM 6D?

A sexta dimensão do BIM, o BIM 6D, foca seus processos na adequação do modelo às necessidades ambientais atuais. As informações inseridas no modelo vão desde o fabricante de um determinado componente, até a estimativa de vida útil do empreendimento. Por exemplo, através da estimativa da vida útil do componente, os projetistas podem planejar as atividades de manutenção futuras, estimar gastos, e assim estimar um custo global no tempo, e não somente o custo atual, entrando assim, na categoria econômica da sustentabilidade.

Edificio Sustentavel
Edifício Sustentável / Fonte: ConstructionTuts

Outro ponto que chama a atenção no BIM 6D, são as simulações energéticas. Vamos supor que os projetistas gostariam de diminuir o calor em um determinado ambiente, com o auxílio do BIM 6D, podemos realizar simulações energéticas, e através delas, torna-se possível verificarmos se as propostas de alteração realmente irão surtir os efeitos desejados. Muitas dessas soluções podem auxiliar o empreendimento a obter um selo de sustentabilidade, e as simulações entre diversas propostas de solução também auxiliam no processo de obtenção de selos, pois os resultados das simulações demonstram os benefícios gerados por determinada solução.

Por fim, outro dos demais benefícios de utilizar-se o BIM 6D em projetos, é a inserção das informações dos materiais utilizados para a construção do ativo, pois, dessa forma, sua procedência e garantias podem ser facilmente verificadas.
Por exemplo, mantendo-se no assunto sobre as certificações sustentáveis, um edifício pode comprovar através do modelo e documentações que sempre buscou materiais que possuíam a menor pegada de carbono possível, a fim de conseguirem o selo.

Exemplo de Selos de Sustentabilidade
Exemplo de Selos de Sustentabilidade

CONCLUSÃO:

Na atualidade, é indiscutível a importância de basear nosso desenvolvimento nas necessidades ambientais do meio em que vivemos. Dessa forma, o BIM 6D torna-se a ferramenta necessária para auxiliar no processo de criação e aprimoramento de um projeto, pois nos permite a adequação dos sistemas presentes para um melhor desempenho, escolha dos materiais com as melhores classificações ambientais, suprindo nossas necessidades, e que, por fim, proporcione uma melhor análise econômica das soluções e materiais propostos.

Nós, da SPBIM, incentivamos a utilização do BIM em todas suas esferas, pois os benefícios apresentados proporcionam aos projetos uma economia de tempo e investimento, em sua elaboração, o que permite um investimento maior na melhoria no desempenho do ativo, promovendo uma evolução na Arquitetura e Engenharia atual.

Internet das Coisas (Internet Of Things) e o BIM

Com a popularização e difusão da internet, a indústria têm se dedicado ao desenvolvimento de tecnologias interconectadas. Ou em termos técnicos, objetos com interconexão por IOT (Internet of Things) cuja tradução literal significa a Internet das Coisas, que se refere a interconexão entre os objetos e a internet. Popularmente, o IOT é a interconexão responsável por sincronizar o celular aos eletrodomésticos, carros, wearables (dispositivos tecnológicos utilizados como roupa tais como relógios, óculos, aparelhos auditivos), chaves, mesas, espelhos, entre outros.

No universo BIM tal conceito é vislumbrado no Digital Twin, um conjunto de componentes digitais (modelos, documentos e conjuntos de dados) que refletem todo o ciclo de vida do ativo, ou seja, corresponde a uma réplica digital de um elemento físico, com grande riqueza em dados.

Internet das Coisas no BIM
Internet das Coisas no BIM / Fonte: VivaDecora

BIM + IOT?

Com a automação de edifícios se tornando a solução mais eficiente em segurança, praticidade, economia e sustentabilidade, o IOT é vinculado ao Digital Twin para obter controle sobre os edifícios. De modo geral, o Digital Twin se torna um ativo capaz de receber informações, codificá-la ou até mesmo realizar funções automáticas no modelo físico, a partir da varredura de sensores, ou captura de câmera, ou através de intervenção manual no modelo digital. Outro ponto relevante é o poder do “I” do BIM, os softwares como Revit, Revit MEP, Archicad, Vectorworks e Sketchup deverão incorporar tais riqueza de informações no formato nativo e no IFC. Para elucidar melhor cada uma das soluções nós da SPBIM, separamos algumas aplicações práticas do BIM em cada uma delas.

  1. SEGURANÇA/MANUTENÇÃO:

Futuramente será comum identificar no BIM 7D (Dimensão responsável por operação e manutenção) após a execução a configuração/automatização na fase As built (LOD avançado) a possibilidade de vincula-lo ao IOT para avisar ou até mesmo desligar certos sistemas, quando existir qualquer situação atípica, como detecção de algum vazamento de gás ou hidráulico, ou acesso de pessoas não autorizadas a determinada área, ou em usos como prevenção de desastres por exemplo, através do modelo é possível ter a reflexão para tomada de decisão, uma ação preventiva antes de ocorrer situações catastróficas ou de grande perda patrimonial.

Casa Inteligente SpBIM
Fonte: SpBIM
  1. PRATICIDADE:

Após a execução e configuração/automatização do as built é possível vinculá-lo a IOT para automatizar e realizar funções como irrigação de jardins, ou no controle de qualidade de sistemas como climatização, exaustão/ventilação, ou uma pré configuração de iluminações das áreas de vivência de um edifício, ou no fechamento/abertura de determinada cobertura/abertura em função do clima. Imagine ter o controle de acessos através de biometria ou reconhecimento facial. Será possível até mesmo obter a transmissão de informações (dados) em tempo real, como a quantidade de vagas disponíveis em um estacionamento.

Internet das Coisas
Internet das Coisas / Fonte: Siemens
  1. ECONOMIA/SUSTENTABIBLIDADE:

Após a execução e configuração/automatização do As built é possível vinculá-lo ao IOT para detectar e até corrigir situações de desperdício, como desligar torneiras abertas por muito tempo, acionar responsável em caso de vazamentos ou discrepância em consumo, tais como denunciar mal funcionamento de equipamentos, ou seu uso indevido.

Internet das Coisas
Internet das Coisas / Fonte: Siemens

APLICAÇÃO PRÁTICA DO IOT VÍNCULADO AO BIM

Além das funcionalidades comuns de automatização já listadas anteriormente, o Digital Twin também poderá ser usado em treinamentos e simulações para qualificação profissional; e até mesmo operações a distância. A Petrobrás por exemplo, em seu Centro de Excelência em Análises e IA (Inteligência Artificial), inaugurado em 06 outubro de 2020, já começa o uso de tal artificio.

De acordo com Nicolas Simone, diretor-executivo de Transformação Digital da Petrobras, apresentou o projeto de capacitação e controle remoto através do uso do digital twin, que a princípio está sendo implantado como projeto piloto na plataforma P-50, que opera no campo de Albacora Leste, na Bacia Campos.

O piloto prevê o remonte de ideias e ações para reduzir custos e aumentar eficiência e segurança nas operações, pois preveem o acesso, controle e treinamento sem a necessidade de ir até a plataforma, sincronizando apenas as intervenções na plataforma através do gêmeo digital. O projeto do Digital Twin da P-50 é um desenvolvimento em parceria com a Repsol Sinopec Brasil, AVEVA, Senai RJ e Senai Cimatec.

Digital Twins
Fonte: SpBIM

Caso queira ler um conteúdo especifico sobre integração com automação e robótica no BIM, escrevemos um artigo interessante: Arduino e BIM.

CONCLUSÃO:

Nós da SpBIM compreendemos o avanço das tecnologias IOT e entendemos a importância de implantação da sua interconexão em BIM, pois além de uma alternativa futura para o controle e desempenho de edifícios, em quadro pandêmicos, tal como a vivenciada neste ano de 2020, tal sistema pode garantir a segurança sem afetar o funcionamento de edifícios essenciais para estabilizar a economia.

Agentes como o BIM manager munidos de um Plano de Execução BIM, BIM Mandate e padrões de EAP serão essenciais para tal a continuidade do BIM e ser utilizado posteriormente no IOT e o BIM 7D por exemplo. O Decreto BIM buscara futuramente incorporar o uso do IOT através do plano de implantação nacional (democracia no BIM) para cuidados do patrimônio com operação e manutenção após o sucesso da implantação prevista do BIM3D, BIM4D e BIM5D.

 

O que é BIM 7D?

O que é BIM 7D?

O Building Information Modeling (BIM), é uma metodologia da criação de modelos de informação no qual contempla todo o ciclo de vida de uma edificação.
O BIM é responsável por partilhar todas as informações referente ao empreendimento com dados (informações) associados ao seu Nível de Desenvolvimento / Detalhe (LOD) desde uma simples planta até informações de funcionamento com todo este conjunto de dados agrupado em “Dimensões” no qual cada dimensão demonstrará um grau nível de informação pertinente a um empreendimento.

DIMENSÕES DO BIM
Dimensões do BIM / Fonte: SpBIM

O BIM já não é mais uma promessa distante, mas uma realidade consolidada, especialmente desde 2021, quando sua aplicação se tornou mais efetiva e frequente no dia a dia de escritórios, empresas e profissionais da construção civil. Esse avanço foi impulsionado pelo Decreto BIM, que estabelece a obrigatoriedade do uso da metodologia em projetos de obras públicas. Com isso, o BIM passou a desenvolver um papel fundamental em diversas etapas da construção. Neste artigo, vamos explorar a forma mais aprofundada como o BIM 7D pode auxiliar na gestão pós-obra, trazendo benefícios significativos para a operação e manutenção de edificações, garantindo eficiência e longevidade aos empreendimentos.

BIM 7D: Gestão e manutenção ao longo da vida útil do edifício

O BIM 7D refere-se à dimensão que integra a operação e manutenção de um edifício, proporcionando uma visão abrangente e detalhada ao longo de toda a sua vida útil. Essa extensão do modelo digital inclui informações completas e precisas sobre todos os ativos do edifício, como sistemas mecânicos, elétricos, hidráulicos, materiais de acabamento e equipamentos. Cada ativo está documentado em termos de especificações, localização, condições de manutenção e ciclo de vida esperado.

Com o BIM 7D, a gestão de manutenção preventiva e corretiva torna-se mais eficiente. O acesso a dados detalhados facilita o agendamento de intervenções regulares e a identificação de possíveis falhas antes que ocorram, o que contribui para a redução de custos com reparos emergenciais e aumenta a confiabilidade dos sistemas do edifício. Esse processo integrado melhorou a alocação de recursos, desde a mão de obra até o uso de materiais adequados, além de minimizar atrasos nas operações diárias. 

Além da manutenção, o BIM 7D permite uma gestão eficaz dos ativos, fornecendo uma base de dados estruturada para substituições e atualizações planejadas. Os gestores conseguem prever a necessidade de trocas de equipamentos ou materiais com base em dados precisos sobre o ciclo de vida dos componentes, facilitando uma abordagem proativa, garantindo que atualizações e melhorias sejam realizadas de maneira controlada, mantendo o edifício tecnologicamente atualizado e operacional com eficiência máxima.

PADRÃO COBIe

O COBie (Construction Operations Building Information Exchange), em português “Troca de Informações para Operações de Construção”, é um padrão focado na gestão eficiente de dados ao longo do ciclo de vida das edificações. Ele permite a organização e a troca de informações relevantes para a operação e manutenção de instalações, incluindo dados sobre ativos, equipamentos, manutenção preventiva, garantias, manuais e outros aspectos essenciais para a gestão das instalações. O COBie visa melhorar a eficiência ao substituir os métodos tradicionais de transferência de informações, como planilhas e documentos dispersos, por um formato digital padronizado. Isso facilita o fluxo de dados entre as diferentes etapas de um projeto, desde o design até a operação, garantindo que as informações sobre os ativos sejam facilmente acessíveis e precisas.

SpBIM
Fonte: SpBIM

Esse padrão, homologado pela BuildingSMART , faz parte de um esforço global para promover a interoperabilidade e melhorar os processos construtivos através da criação e adoção de padrões abertos e soluções tecnológicas para edifícios e infraestrutura. Com o COBie, é possível otimizar a gestão do patrimônio ao longo da vida útil da edificação, resultando em maior eficiência operacional e redução de custos com manutenção.

Exemplo de uma COBie de dados em formato Excel – Fonte: BibLus

Aplicativos de Operação e Manutenção que Utilizam Modelos BIM

Ao integrar informações integradas e precisas sobre os sistemas do edifício, esses aplicativos desempenham um papel fundamental na simplificação e aprimoramento da gestão de dados ao longo do ciclo de vida dos ativos. Abaixo, destaque-se alguns dos principais aplicativos que utilizam essa tecnologia:

 

  • ARCHIBUS : Uma plataforma integrada de gerenciamento de instalações, o ARCHIBUS oferece soluções abrangentes para otimização do uso de espaços, gerenciamento ativo, controle de atividades de manutenção e aumento da eficiência operacional. Com a integração de modelos BIM, a plataforma permite uma gestão mais precisa e informada.

 

Uso do Archibus para gerenciamento do espaço das salas de aula – Youtube The Building People

 

  • IBM Maximo : Voltado para o gerenciamento de investimentos empresariais, o IBM Maximo é uma ferramenta poderosa que se integra com modelos BIM. Ele permite o monitoramento e a manutenção de equipamentos, facilitando a gestão de ativos e a execução de manutenções preventivas e corretivas.

 

Uso do IBM Maximo para gerenciamento de ativos – Youtube Falando de TI
  • Archidata : Este software é amplamente utilizado para gerenciamento de informações planejadas de edifícios, com foco em ações de manutenção preventiva e corretiva. Utilizando dados BIM e o padrão COBie, o Archidata melhorou a eficiência da operação, garantindo que os ativos sejam monitorados e mantidos de acordo com as especificações de seus ciclos de vida.

 

Uso do Archidata para organização de dados de maneira mais visual – Youtube Building Transformations
  • Planon : Oferecendo uma solução integrada de software, o Planon utiliza dados BIM e COBie para gerenciar com eficiência ativos, espaços e operações de manutenção. Uma plataforma foi projetada para melhorar o controle e a gestão de edifícios ao longo de seu ciclo de vida, promovendo uma abordagem mais eficaz para a manutenção de instalações.

 

Uso do Planon para organização de dados de ocupação – Youtube Planon

 

Esses aplicativos são essenciais para transformar a maneira como as informações dos modelos BIM são utilizadas, proporcionando uma gestão mais eficiente e uma integração perfeita entre as fases de projeto, construção e operação dos edifícios.

GERÊNCIA DE DADOS

A gerência de dados ocorre por um processo de importação dos dados de um software BIM e o gerenciamento dos dados como ativos, este processo ainda está em processo de aceitação no qual o mesmo se encaixa de forma sólida com a norma de desempenho 15575, a norma alinha a expectativa de vida da edificação e as preocupações com a expectativa de vida útil, o desempenho, a eficiência, a sustentabilidade e a manutenção dessas edificações. Tendo esse conceito a seguinte sigla como CCV (Custo do Ciclo de Vida).

Um dos principais benefícios do uso dessa dimensão: consiste na substituição simplificada e simples de peças e reparos a qualquer momento durante toda a vida útil de um edifício; processo de manutenção simplificado para empreiteiros e subcontratados, tendo conexão com Digital Twin (Gêmeo Digital).

CONCLUSÃO

Concluímos que a aplicação do BIM 7D é essencial para a gestão e manutenção eficaz dos edifícios, permitindo a verificação precisa da necessidade de substituição de ativos como materiais e equipamentos. Essa metodologia ajuda os prédios a manter seu valor patrimonial e a sustentabilidade a longo prazo, pois possibilita um planejamento detalhado de manutenções e substituições, reduzindo o impacto ambiental associado a descartes e desperdícios desnecessários. Portanto, pensamos que, após a afirmação das demais dimensões, o BIM 7D passará a ser uma realidade nos escritórios e construtores.