A Logística, a Mobilidade e a Economia de uma cidade, estado ou país, são indispensáveis para o bem-estar de sua população, pois o nível de eficiência e modernização de uma sociedade é proporcional ao nível de desenvolvimento da sua infraestrutura. Por meio desse ponto crítico, qualquer alteração que seja proposta para as estruturas que compõem as infraestruturas de uma localidade, deve ser realizada uma análise aprofundada, pois qualquer modificação pode alterar a rotina de uma região. Sendo assim, o BIM é uma das soluções que vieram para auxiliar os projetistas em suas tomadas de decisões, pois permitem a análise de diversas possibilidades de forma rápida, prática e precisa, seguindo parâmetros
pré-estabelecidos pelos projetistas e as características da área em questão, obtidas através de estudos de campo ou alguma base de dados confiável, geralmente de instituições públicas, como por exemplo o Geosampa.
O livro “Infra-estrutura Urbana”, de Juan Mascaró e Mário Yoshinaga, define como infraestrutura urbana o conjunto de recursos que auxiliam nas atividades de uma cidade, e são compreendidos como infraestrutura os seguintes sistemas: Viário, Sanitário, Energético, Comunicações e Edificações. Neste artigo, iremos abordar a interligação do BIM com a infraestrutura do sistema viário, buscando compreender quais os benefícios são apresentados a partir de sua aplicação.
COLETA DE DADOS E MODELO DA REALIDADE
Na fase inicial de um projeto, faz-se necessário o estudo da região em que o mesmo será inserido, pois, somente assim, seus idealizadores serão capazes de identificar as áreas que mais necessitam de intervenção e as que possuem características que devem ser preservadas. A coleta de dados pode ser realizada através da forma tradicional, com estações totais, que coletam pontos chave da topografia da área, através da captação de pontos do relevo, árvores e edificações, mas também pode ser realizada através de laser scanners e drones, que são métodos mais modernos e que proporcionam uma maior captação de pontos de forma mais rápida e precisa.
A coleta de dados através dos Lasers Scanners, utiliza-se da tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging ou Obtenção da Medidas de Distância através da Luz). Essa tecnologia é capaz de coletar milhões de pontos por segundo e também capturar imagens da área, que, ao unir ambos, fornecem uma excelente base de dados para o início do projeto.
Outro método de levantamento de dados, é através de drones, que proporcionam a captação de dados de áreas extensas, por sua fácil mobilidade, e produzem como resultados Nuvens de Pontos, Modelos Digitais do Terreno (MDT) e Ortofotos, que também entregam excelentes representações topográficas, assim como os lasers.
Os dados coletados, tanto através de Lasers, quanto através de Drones, ou até mesmo através da forma tradicional (Estação Total), proporcionam aos projetistas a possibilidade da criação de um modelo BIM da área estudada, em softwares como o Infraworks, ou no AutoCad Civil 3D, que não é considerado um software BIM, porém fornece uma boa base para os demais. O modelo criado a partir desses dados, tem como objetivo proporcionar aos projetistas a elaboração de um projeto mais preciso e assertivo, assim, abordando todos os pontos necessários para a área estudada.
PARAMETRIZAÇÃO DO PROJETO
Após a criação do modelo da área estudada, os projetistas podem iniciar seu processo de idealização. O desenvolvimento de projetos de infraestrutura possui diversos passos e parâmetros a serem seguidos, para que ao final do processo, possa se atingir um resultado que atenda as normas previstas e também o conforto de seus usuários, e nessa parte do processo, o BIM proporciona uma ampla facilidade, pois o pré-requisito desses parâmetros consegue guiar as definições dos projetistas.
Por exemplo, com o auxílio do BIM, os projetistas podem inserir as informações necessárias para as definições de declividade máxima, corte e aterro e distância de visibilidade, no processo de criação do alinhamento vertical de uma via, e também os critérios de raios mínimos, drenagem e comprimentos mínimo de curva, no alinhamento horizontal, e dessa forma, o software é responsável por informar aos projetistas caso em algum momento do projeto esses critérios estejam fora das normas de conforto e segurança.
Outros dados que podem ser inseridos como entradas através de softwares como o Infraworks e Civil 3D da Autodesk por exemplo, são dados referentes ao traçado de Ferrovias, Estradas Existentes, Gasodutos, Oleodutos, Canais, Linhas de Transmissão, Hidrografia e Áreas de Proteção Ambiental (APP’s), e, através deles, a criação dos traçados das vias começa a transformar-se em um processo totalmente paramétrico, pois o programa torna-se responsável por alertar os projetistas, tanto quando as normas deixam de ser seguidas, como exemplificado no parágrafo anterior, e agora também informa possíveis interferências nas regiões obtidas com os dados de entrada inseridos.
CONCLUSÃO:
Após a criação do modelo da área estudada, os projetistas têm total liberdade para iniciar seu processo de idealização, com a certeza de que o traçado criado seguirá todos os parâmetros de segurança e conforto. Algumas pessoas, que estão há alguns anos dentro do mercado de Arquitetura, Engenharia e Construção, acreditam, as mais relutantes, que a tecnologia vinculada aos processos irá substituir os profissionais, porém, nós da SPBIM, somos a prova viva que a tecnologia não vem para eliminar/substituir os profissionais, mas sim tarefas repetitivas e braçais, promovendo um ganho de tempo e elevando o serviço do profissional, podendo ser investido em situações muito mais necessárias do que na conferência de dimensões mínimas, por exemplo.
Sendo assim, os benefícios que o BIM traz para os projetos de infraestrutura, permitem que os projetistas empenhem esforços na compatibilização das estruturas com os demais sistemas, com a dinâmica da região e com as necessidades da população, que são assuntos que necessitam de uma sensibilidade e domínio do profissional e com a utilização de ferramentas BIM 3D para realização dos projetos para o ciclo de vida do BIM. Com o fomento do BIM no Decreto Nacional, recomendamos a leitura dos artigos a seguir:
- Dimensões do BIM: 3D, 4D, 5D, 6D e 7D
- Usos do BIM
- Smart City
- Plano de Execução BIM (PEB)
- BIM Mandate (Manual de BIM)
- Decretos BIM: 2020, 2019, 2018
- Ominiclass
- Detecção de Colisão
- IFC e BCF
- LOD
- 5 Principais livros de BIM
- Softwares BIM: Revit, Revit MEP, Synchro, Navisworks, Infraworks, Vectorworks, Sketchup, Archicad, Trimble Connect, Solibri, Rhinoceros, Twinmotion, Lumion, Formit, Autocad
- Ambiente Comum de Dados (CDE)
- O que é um Template BIM
- O que é uma Biblioteca BIM