Após aprovação e publicação oficial do DECRETO BIM (2020), o assunto “BIM” ganhou o “empurrão” necessário para se enraizar na indústria da construção civil, entretanto muitos profissionais do meio ainda não se atualizaram sobre a metodologia, já que em menos de um mês após a publicação, os números de buscas sobre o termo quase triplicaram no Google. E por isso, nós da SPBIM separamos alguns dos eventos mais marcantes sobre a história do BIM, para além de atualizar sobre o que é o BIM, contextualizar sobre como aconteceu o seu processo de desenvolvimento. Para entender tal processo, é necessário voltarmos no tempo, especificamente na década de 60, junto com o surgimento do primeiro software CAD, o Sketchpad.
Desenvolvido por Ivan Sutherland, ainda quando aluno do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o programa permitia aos designers da época usarem uma caneta leve para desenhar sobre o monitor, o que certamente impressionou muitas pessoas. Na década seguinte, tal tecnologia passou a ser explorada no setor comercial, particularmente, na indústria automotiva e aeroespacial.
Com a popularização dos computadores pessoais nas décadas de 80/90, os sistemas de desenhos assistido por computador, popularmente conhecido como CAD realmente decolou, dando origem ao tão conhecido no AutoCAD. A troca da caneta nanquim e do papel manteiga, trouxeram uma eficiência no tratamento dos projetos e o seu espaço virtual evoluiu do 2D até chegar nos elementos 3D.
Apesar desta significativa evolução, os projetos em sistemas CAD não podem ser considerados uma mudança de paradigma, visto que apenas as ferramentas de desenho foram transferidas para o computador, houve uma evolução de tecnologia porém o processo e gestão ainda continuaram como antigamente, o avanço só otimizou o tempo de produção, ou seja, o desenho ficou mais rápido, se comparado a mão, mas o resultado manteve-se para fim de representação. Existiram outros benefícios como: repetição de arquivos, edições rápidas, impressões ilimitadas entre diversos outro, mas ainda se tratava de desenhos sem informação. Já o conceito BIM prevê a CONSTRUÇÃO VIRTUAL DE OBJETOS COM INTELIGENICA (INFORMAÇÃO) VINCULADOS AO AMBIENTE TRIDIMENSIONAL E DE DOCUMENTAÇÃO.
Portanto, tal modelagem não existia em conceito até meados de 80, quando o professor Charles M. Eastman juntamente com uma equipe de estudiosos do Instituto de Tecnologia da Georgia, criam o BDS, que abreviava o Building Description System – Sistema de Descrição da Construção, segundo Eastman et al. (1974):
“O sistema BDS foi iniciado para mostrar que uma descrição baseada em computador de um edifício poderia replicar ou melhorar todos os pontos fortes de desenhos como um meio para a elaboração de projeto, construção e operação, bem como eliminar a maioria de suas fraquezas.”.
Com o passar dos anos, as ideias e conceitos sobre o BDS, foram evoluindo até chegar na metodologia atual BIM, contudo o termo aparece oficialmente em 1992, quando baseados no Eastman, G.A. Van Nederveen e F.P. Tolman escrevem um artigo abordando a necessidade de se basear na construção para se modelar com informação, esse mesmo trabalho apresenta essa abordagem como Modelling Building Information – Modelo de Informação de Construção.
Apesar disso a sigla “BIM” só entrou em uso popular em 2002, quando um white paper da Autodesk intitula o “Building Information Modeling” como BIM. Além da sigla o tempo também trouxe novas dimensões de modelagem para metodologia, como o BIM3D “modelagem”, BIM4D “tempo”, o BIM5D “custo”, o BIM6D “sustentabilidade”, e o BIM7D “Gestão e Manutenção”, entre outras dimensões possíveis. Por este conceito o projeto não mais representa elementos, mas sim, simulam os próprios objetos que compõem a obra.
Dessa forma, o BIM passou a prover todas as informações necessária aos desenhos, desde à expressão gráfica, à análise construtiva, à quantificação de trabalhos/tempos de execução, desde a fase inicial do projeto, até a conclusão da obra. Com isso, os dados para a validação do projeto são automaticamente associados a cada um dos elementos que o constituem. Proporcionando um protótipo virtual da construção real.
COMO OS SOFTWARES ACOMPANHARAM ESSE PROCESSO?
Entre o desenho assistido pelo computador e a modelagem BIM ocorreram inúmeras adaptações de sistema e diferentes softwares foram criados para atender as necessidades que a metodologia abordava. Desse processo surgiu o REVIT, um dos softwares mais conhecidos quando o assunto é BIM. Comercializado pela AUTODESK o programa se sobressai no mercado aos demais tanto quanto o número de licença em uso, quanto ao número de pesquisa sobre o tema.
Entretanto o software não foi o primeiro a ser desenvolvido para essa finalidade e para entender a evolução e a criação dos principais softwares BIM é necessário voltar ao primeiro software comercial CAM/CAD, o DAC (Design Automated by Computer/Designe Automatizado para Computador) que foi desenvolvido pelo Dr. Patrick J. Hanratty, no intuito de desenhar moldes complexos da General Motors.
O DAC inicialmente nasceu no ramo industrial, entretanto sua ideia foi adaptada pelo Ivan Sutherland que 1963, usou os princípios da programação DAC, para desenvolver o Sketchpad, uma das primeiras atualizações do que hoje a Trimble comercializa com o nome de SketchUp.
Seguindo para a década de 70/80, surgem os dois principais métodos de desenho CAD/CAM, o CSG (Geometria Sólida Construtiva) e o BREP (Representação de limites). O primeiro trata de um modelo construído a partir de sólidos enquanto o segundo trata de um modelo desenhado a partir de pontos e linhas. A partir da ideologia brep, em 1982 foi desenvolvido pela COMDEX o MicroCAD, uma das primeiras versões do que hoje a AUTODESK comercializa como o Autocad.
Quando o Eastman publicou o artigo BDS (Building Description System) o mesmo também discutiu ideias e parâmetros do que deveria ser/conter em uma representação 3D de alta qualidade, e a partir desses conceitos, Eastman programou em 1977, o GLIDE (Graphical Language for Interactive Design), que além da visualização gráfica CAM, também oferecia um banco de dados classificável que permitiu ao usuário recuperar informações categoricamente por parâmetros tais como materiais ou fornecedores.
A partir do GLIDE, surgem inúmeros grandes softwares BIM que objetivam a modelagem informacional baseada em parâmetros, e por isso, nós da SPBIM, resumimos o desenvolvimento dos mais conhecido no Timeline BIM a seguir:
Caso queira saber mais sobre a história de algum dos softwares, empresa, processos, vocabulário e interesses sobre BIM elencados acima, leia também os seguintes artigos:
Dimensões do BIM: 3D, 4D, 5D, 6D, 7D
Softwares modelagem: Revit, RevitMEP, Archicad, Sketchup, Rhino, Formit, Vectoworks, Infraworks, Civil 3D, QI Builder, TQS,
Softwares de Renderização: Lumion, Twinmotion
Softwares de checagem, gestão, planejamento e compatibilização: Solibri, Drofus, Synchro e Navisworks, Insight,
Programação ne Automação o BIM: Dynamo, Grasshopper, Param-O, Forge,
CDEs (Ambiente Comum de Dados): Trimble connect, BIM360, BIMTrack, BIMsync, ProjectWise 365,
Pós produção: Illustrator, Photoshop
Decreto BIM: N.9.377, N.9.983, N.10.306,
Empresas de BIM: Autodesk, Graphisoft, Matterport,
Termos no BIM: LOD, IFC, BCF, Clash Detection, Arduino e o BIM, EAP no BIM, BIM Mandate, PEB, MsProject, Cebola vs Composto, BIM Manager, Template BIM, Biblioteca BIM, Modelagem, Modelo Federado, Digital Twin, Design Generativo, VDC, Nuvem de Pontos, CDE, Omniclass, Geosampa BIM, GED, Documentação, Realidade Aumentada,
Motivos para utilizar o BIM, Democracia no BIM, Cad vs BIM, Workstation x Notebook.
Dicionário de BIM e Construção Virtual
CONCLUSÃO:
Mediante os fatos listados anteriormente é possível concluir que entre o desenho CAM e a modelagem BIM houve uma mudança significativa quanto ao objetivo, gestão, produção e o processo. E nós da SpBIM, reconhecemos os benefícios da mudança, e incentivamos a ampla difusão do processo em todas as dimensões da metodologia. Enquanto enaltecemos a importância do Charles M. Eastman na mudança do pensar/projetar arquitetura e compreender a importância dos pilares apresentados no BIM: Processo, tecnologia e gestão onde deverão estar alinhados para a perfeita aplicação e sucesso na implantação do BIM.