O que é Virtual Design Construction (VDC)?

O VDC (Virtual Design and Construction) surgiu por volta de 2001, na Universidade de Stanford pelo CIFE – Center for Integrated Facility Engineering, um grupo de pesquisa que busca desenvolver métodos que possam tornar mais eficientes a gestão de processos dentro da Arquitetura, Engenharia e Construção.

Entendendo a Idea por trás do CIFE, já podemos imaginar o objetivo final do VDC, mas agora iremos abordar, o que de fato é essa metodologia, sua estrutura e quais são os efeitos provocados em um projeto ao utilizá-la.

O QUE É O VDC?

VDC
Fonte: SpBIM

O VDC é uma metodologia de gerenciamento que conforme foi evoluindo ao longo do tempo, reuniu um conjunto de ferramentas e técnicas que proporcionam a seus agentes uma maior otimização entre as etapas e processos do projeto. Seus princípios de aplicação podem ser sintetizados em:

– Uma estrutura de integração entre áreas, que disponha de ferramentas que facilitem e acelerem a solução de possíveis conflitos;

– Uma forma de alinhamento de objetivos, para que as áreas saibam suas interdependências e possam determinar marcos em comum no decorrer do projeto;

– Ferramentas de criação de Digital Twin, que promovam uma melhor visualização das disciplinas que compõem o projeto, que facilitem o diálogo com o cliente e que proporcionem um objeto final anterior ao Twin Físico.

ESTRUTURA DO VDC

O VDC possui 3 principais sistemas que estão diretamente ligados aos princípios comentados anteriormente.

1º PRIMEIRO: ICE (Integrated Concurrent Engineering), um sistema desenvolvido pela NASA, que busca evitar o tradicional formato de projeto, onde as disciplinas detinham certa sequência de atuação, e só passavam a seguir seus produtos, e não seus processos.
O ICE busca conduzir projetos de forma Integrada e Simultânea, a fim de proporcionar a rápida solução de conflitos e tomadas de decisões. Esse sistema é implementado logo no início do projeto, pois permite que todas as disciplinas idealizem em conjunto, o que facilita a comunicação entre áreas.

2° SEGUNDO: PPM (Product Production Management), uma metodologia de gerenciamento de processos que surgiu durante a primeira Revolução Industrial e que visa entender todo e qualquer projeto como um processo de manufatura, sendo assim, define seus produtos finais, suas matérias primas, informações e mão-de-obra necessária para sua sequência de operação. Dessa forma, o PPM ao ser aplicado em um projeto, define com clareza seus objetivos, quais dados são necessários para seu início, qual o caminho crítico de acordo com seus processos e durações e quais aspectos de produtividade devem ser verificados no decorrer do projeto, assim proporcionando à seus idealizadores uma ampla visão de todo o projeto e quais atividades necessitam de uma maior atenção.

3° TERCEIRO: O processo que compõe as bases do VDC é o BIM (Building Information Modeling). Ao criar-se o Digital Twin, a depender de seu LOD (Level of Development), pode-se obter facilmente quantitativos, conflitos entre disciplinas e também auxilia no processo de planejamento. Sendo assim, ele pode ser considerado como o principal sistema do VDC, interliga aos demais processos, dados precisos para suas respectivas tomadas de decisão e também possibilita previamente a apresentação do produto final, o que facilita as discussões entre as equipes e proporciona ao cliente a visualização de seu produto.

Bases do VDC
Bases do VDC / Fonte: SpBIM

BENEFÍCIOS DO USO DE VDC

A partir dos pontos apresentados acima sobre a estruturação do VDC e o que de fato esse método de gestão proporciona, podemos perceber a real capacidade de otimização que a metodologia oferece.  Ao fazer seu uso, uma equipe pode observar a otimização de todos seus processos, pois ao utilizar-se do ICE a comunicação entre áreas aumenta significativamente, evitando o atraso de processos devido a integração entre setores. Outro fator a ser observado é o planejamento estratégico, que por fazer uso do PPM, entrega ao projeto suas diretrizes e marcos, para que sua evolução seja de forma contínua e seus processos possam ser otimizados. E por fim, o uso do BIM proporciona a todo o processo do VDC ferramentas base para as demais, pois ao fornecer um modelo virtual fiel, permite que todas as áreas possam visualizar com clareza, facilidade e rapidez o projeto como um todo, promovendo o encontro de divergências entre projetos e oferecendo a oportunidade de experimentação de soluções, evitando soluções emergenciais e muitas vezes com custos elevados.

CONCLUSÃO:

Nós da SPBIM acreditamos que a utilização da metodologia VDC traz enormes vantagens para a gestão de um projeto, pois necessita de um comprometimento contínuo de toda equipe, o que proporciona uma otimização a todas suas etapas e processos e possui total ligação com o BIM.

O que é um BIM Manager (Gerente BIM)?

O que é um BIM Manager (Gerente BIM)?

 

O BIM Manager cuja tradução literal corresponde a Gerente Bim, é o agente responsável por liderar, coordenar e gerenciar o processo de Implantação ou Implementação do BIM em uma companhia (organização).
O Gerente BIM colabora no desenvolvimento e execução dos serviços BIM nas atividades relacionadas ao BIM na empresa.

Existem diversas áreas de atuação dos Gerentes BIM, como: Projetos, Orçamentos, Suprimentos, Coordenação, Planejamento, Inovação, Marketing e Obras.

 

QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DE UM BIM MANAGER?

Devido a amplitude das atividades elaboradas pelo BIM Manager (Gerente BIM) listamos algumas de suas principais atividade e funções sendo:

  • Escopo: O escopo é momento no qual o Gerente BIM irá estabelecer os níveis de LOD, LOI a serem atingidos. Por meio deste processo iremos evitar que ocorra o processo de fusão entre o CAD e o BIM no qual é comum ocorrer quando não há uma clareza de escopo no que acabará gerando um pseudo BIM e diversos retrabalhos durante a suposta implantação BIM.

 

  • Coordenação: O Gerente BIM deverá ter capacidade de coordenar, liderar junto a equipe em seu fluxo de trabalho BIM no escopo mencionado anteriormente, sendo fundamental siga o escopo e garanta o sucesso na implantação. Para coordenar o Gerente BIM deverá ter conhecimento em projetos e experiência na área, recomendamos no mínimo 5 anos.

 

  • Documentação: É fundamental compreender que no processo BIM envolve novos procedimentos como atendimento a (Plano de Execução BIM, BIM Mandate, LOD, Decreto BIM entre outros), por isso é fundamental ter conhecimento na área de projetos, tecnologia e softwares.

 

  • Software: O Gerente BIM é responsável pela escolha do software de modelagem ou softwares do fluxo de trabalho no BIM.Com isso está de acordo com os projetos a serem desenvolvidos, a escolha deverá suprimir a área escolhida, e atender diversos fatores como curva de aprendizado, biblioteca, treinamentos entre diversos outros. O Gerente BIM deverá ter conhecimento para liderar a equipe e conseguir resolver todos os problemas estratégicos e operacionais seja em qualquer software como Revit, Archicad e Sketchup por exemplo.

 

  • Modelagem: Está intimamente relacionado ao escopo com a documentação. Sendo fundamental compreender a entrega e vincular o modelo e a informação. A Modelagem é essencial que esteja alinhado ao LOD e capacidade do BIM Manager liderar as equipes que farão a modelagem. Importante neste trecho a criação de BIM Mandate e Plano de Execução BIM por projeto.

 

  • Controle de Qualidade: Neste item o BIM Manager deverá executar periodicamente a análise e verificação da qualidade dos modelos BIM assegurando a qualidade. Nós da SpBIM recomendamos pelo menos a cada 15 dias.

 

QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DO GERENTE BIM DENTRO DE UMA ORGANIZAÇÃO

É fundamental mencionar as funções um BIM Manager (Gerente BIM) variam de empresa para empresa, o Gerente BIM deverá ter especialização em BIM e conhecimentos em tecnologia, gestão e projetos.
Existem funções como em empresa de projetos, gestão de obras, compras, comercial, marketing, T.I, instrutor, professor como em construtoras e incorporadora ou até mesmo sendo um empreendedor digital.

 

Turma
Fonte: Autor

 

FUNÇÕES DE UM GERENTE BIM EM UMA EMPRESA DE PROJETOS:

Nesta condição o profissional irá trabalhar na implementação/implantação do BIM, desenvolvendo um template, showroom, biblioteca de BIM e em treinamento de profissionais da empresa que são responsáveis por projeto. Sendo também o responsável pela gestão dos modelos desenvolvidos e nos procedimentos como em reuniões de compatibilização, gestão e coordenação.

 

FUNÇÕES DO GERENTE BIM NO PROCESSO DE PROJETO:

O BIM Manager (Gerente BIM) dentro do processo do projeto é o responsável pela Implantação/implementação do BIM junto a equipe.

Considerando orçamento, tempo, coordenação e conhecimento BIM da equipe e a experiência do mesmo. Sobre sua responsabilidade ficará também a gestão do modelo, dos processos e prazos a serem cumpridos.

Portanto o Gerente BIM deverá desenvolver um Plano de Execução do BIM (O que é PEB e quais suas vantagens?) de acordo com as diretrizes do projeto, estabelecerá o fluxo de trabalho, assegurar os itens e recursos tecnológicos necessários para o desenvolvimento do projeto e as regras da interoperabilidade.

O Gerente BIM será responsável por desenvolver o Manual de BIM (o que é BIM mandate?) da empresa no qual está inserido com o apoio de um consultor BIM ou empresa especializada caso não tenha todos os requisitos por se tratar de uma profissão nova.

SpBIM Curso de BIM
Diretor Geral Julio Cesar Farias / Fonte: Autor

 

FUNÇÕES DO BIM MANAGER NA CONSTRUTORA OU CASO SEJA UM EMPREENDEDOR

Os trabalhos desenvolvidos por um gerente BIM dentro de uma construtora se assemelham com trabalho o desenvolvido por um BIM Manager empreendedor. Nesta conjectura ele irá implantar/implementar o BIM (O que é o BIM?), desenvolver treinamentos com os profissionais existentes e auxiliar no processo de contratação de profissionais.

 

O Gerente BIM irá delegar e coordenar o que cada profissional irá executar, considerando a experiência e conhecimento. Também sendo do seu encargo a definição de cada profissional que está sendo contratado, desde a avaliação e medição desses futuros profissionais. Por isso é fundamental que o gerente BIM esteja envolvido no processo de contratação.

 

SpBIM
Fonte: Autor

 

QUAIS SÃO AS HABILIDADES DE UM BIM MANAGER

Além do conhecimento técnico e operacional, o BIM Manager deverá ter algumas capacitações que se estendem além do conhecimento BIM, habilidade que queria impulsionar e gerenciar as mudanças na organização no qual ele está inserido. As habilidades requeridas:

  • Comunicação
  • Capacidade de continuar desenvolvendo o conhecimento
  • Domínio das ferramentas
  • Capacidade gestão de fluxos de trabalho
  • Gestão da informação
  • Capacidade orientar e lidera
  • Conhecimento básico de T.I
  • Treinamentos
  • Ser um profissional da construção civil
  • Ter realizado projeto e obra
  • Paciente e persuasivo
  • Conhecimento em infraestrutura de redes
  • Liderança

 

Ninja SpBIM
Fonte: Autor

 

VEREDITO:

Nós da SpBIM entendemos o quão fundamental é este profissional BIM no processo de implementação e desenvolvimento do BIM nas organizações, compreendendo a responsabilidade pela gestão do BIM, distinguindo da gestão do projeto.

SpBIM
Fonte: SpBIM

 

Durante a realização de uma implantação, recomendamos a contratação deste profissional após a implantação para administração do BIM na Empresa.

Porém empresas especializadas em implantação/implementação dedicadas conseguem obter resultados na metade do tempo devido a experiência diversificada e com foco direto no resultado do negócio do cliente por se obter uma equipe e um negócio direcionado aos Serviços BIM.

A SpBIM apoia a contratação deste profissional e acreditamos 100% no qual é essencial no processo de desenvolvimento do BIM nas organizações e manutenção uma vez implantada.

O que é o IFC?

IFC

Desde arquitetos e engenheiros até empreiteiros e fabricantes, a comunicação e colaboração eficazes são cruciais para o sucesso de um projeto. No entanto, a falta de padrões de comunicação tem sido um desafio histórico para o setor. É aqui que o IFC entra em jogo, oferecendo uma solução que promove a colaboração e a interoperabilidade entre as várias partes envolvidas.

 

O que é o IFC?

O IFC (Industry Foundation Classes) é um padrão de intercâmbio de dados desenvolvido para o setor de construção civil. Ele é utilizado para representar informações relacionadas a um projeto de construção de forma digital, permitindo a troca de informações entre diferentes softwares e sistemas sem perda de dados ou tradução manual. Em outras palavras, o IFC atua como uma linguagem comum que permite que diferentes softwares “conversem” entre si, independentemente de suas origens ou finalidades específicas.

 

A necessidade do IFC na construção civil

Antes de sua introdução, a indústria da construção frequentemente enfrentava problemas de compatibilidade entre os diferentes programas utilizados por arquitetos, engenheiros, e outros profissionais. Isso resultava em lacunas de informação, retrabalho e potenciais erros de comunicação, custando tempo e dinheiro aos projetos. O IFC foi desenvolvido para superar essas barreiras, permitindo que informações detalhadas fossem compartilhadas de forma precisa e eficiente.

 

Relação entre IFC e BIM

Do projeto à realização de um edifício, há o envolvimento de vários profissionais, onde cada um opera dentro da própria área de interesse. Torna-se importante, estratégias interessadas com a possibilidade de troca de informações a fim de colaborar de forma eficaz com a realização de um projeto compartilhado. 

É neste momento que se torna necessário um formato padrão, que permita a interoperabilidade e o intercâmbio de dados, sem erros ou perda de informações, viabilizando a comunicação entre plataformas falando um única “língua” na construção digital.

Imagem
Fonte: Autor

Qual o formato do IFC?

É um formato aberto e neutro, na linguagem .xml e não pode ser controlado pelos fornecedores de software, como Autodesk ou Graphisoft. Foi criado para facilitar a interoperabilidade entre os diferentes profissionais envolvidos no empreendimento, com isso contém informações sobre todo o seu ciclo de vida do projeto, como determinado pelos LODs, por exemplo, desde a análise de viabilidade

Como funciona?

IFC / Fonte: Portal Graphics

 

O IFC, como centralizador,  permite que o Open BIM, sendo responsável por uma abordagem universal e democrática à colaboração para os desenhos e a construção dos empreendimentos baseados em padrões e fluxos de trabalho abertos. A arquitetura IFC baseia a sua estrutura em:

  • SEMÂNTICA
  • RELATÓRIOS
  • ATRIBUTOS

Os elementos são desenvolvidos para descrever os componentes de um edifício, como:

  • INSTALAÇÕES
  • ESPAÇOS
  • ZONAS
  • COMPONENTES
  • ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Incluindo as propriedades específicas de cada objeto. Devido a esta divisão para cada objeto é possível vincular determinadas informações como:

  • DESIGN
  • GEOMÉTRICO
  • ORÇAMENTO
  • MANUTENÇÃO
  • POSIÇÃO
  • DESEMPENHO ENERGÉTICO
  • CONEXÕES COM OUTROS OBJETOS
  • SEGURANÇA
  • CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS

Todos estes dados são geralmente codificados em um dos três formatos disponíveis:

  • .ifc: formato de arquivo padrão baseado na norma ISO-STEP
  • .ifcxml: codificação baseada na linguagem XML
  • ifczip: arquivo comprimido de um destes formatos, que pode conter também material adicional como PDF ou imagens

Problemas de uso

É muito comum escutarmos sobre falhas e dificuldades no uso do IFC, mas muitas das vezes acontecem más interpretações de uso, podendo ser elas:

  • A exportação é realizada de forma incorreta: Não basta apenas pedir para salvar o modelo em IFC, mas se torna necessário conferir as configurações de parâmetros de exportação relacionados com a sua necessidade. 
  • Softwares que não permitem a configuração de exportação IFC ou não fazem isso em conformidade com o padrão oficial.
  • Importação do modelo IFC pelo seu aplicativo: Muitas vezes o próprio aplicativo não interpreta completamente o modelo do arquivo que está sendo lido ou a versão de IFC usada.
  • O IFC não pode ser utilizado com funções para as quais não foi projetado, por exemplo: Editar modelos estáticos da mesma forma que se realiza no formato do software em que foi criado.
  • Dificuldade na captação de detalhes muito específicos: Por se tratar de uma linguagem comum e neutra, detalhes muito específicos nem sempre conseguem ser captados, mas as atualizações e novas versões do IFC estão sempre ampliando a cobertura deste padrão.   

 

Benefícios do uso do IFC

  1. Intercâmbio de informações através de um formato padrão e universal.
  2. Maior qualidade obtida
  3. Redução de erros e custos
  4. Redução de retrabalho
  5. Dados e informações coerentes em fase de desenho, realização e manutenção.
  6. Responsabilidade técnica
  7. Democracia no setor
  8. Melhor a comunicação
  9. Colaboração eficiente com os diferentes profissionais envolvidos
  10. Facilitação de decisões informadas

 

Conclusão

Nos dá SpBIM compreendemos e vivenciamos o IFC no nosso cotidiano e o entendemos como um formato democrático e qualificador de mão de obra, desde o projeto com a probabilidade de uso em todo o ciclo de um empreendimento. Nós apoiamos o OPEN BIM e acreditamos na necessidade de melhoria constante do processo ao requisito de uma padronização nacional para incentivo do uso com o BIM.

 

Caso tenha gostado do artigo, sugerimos a seguinte leitura: O QUE É BIM?

O que é LOD?

LOD

 

A indústria da construção civil é conhecida por sua complexidade e diversidade, envolvendo uma ampla gama de disciplinas e etapas, desde o planejamento inicial até a entrega final do projeto. Nesse cenário, a gestão eficiente das informações e a comunicação precisa são cruciais para o sucesso dos empreendimentos. Uma abordagem que tem ganhado destaque na otimização desses processos é a utilização do conceito de Nível de Desenvolvimento (LOD), que desempenha um papel fundamental na organização e compartilhamento de informações ao longo de todo o ciclo de vida do projeto na construção civil.

Uma das maiores diferenças entre as plataformas CAD e a BIM é exatamente a possibilidade de detalhamento dos objetos paramétricos devido a possibilidade de informações atreladas entre o 2D e o 3D, porém esse nível de detalhamento requer outro dimensionamento de hardware e infraestrutura local. Portanto, o projetista necessita estabelecer um limite de detalhamento que atenda suas demandas de controle, execução e operação, neste artigo iremos mostrar de forma detalhada o significado, aplicações e importância do LOD.

 

O que é LOD?

 

o que é lod
Nível de Desenvolvimento LOD / Fonte: Caderno BIM Santa Catarina

 

LOD pode significar Level of Detail (nível de detalhe) ou Level of Development (nível de desenvolvimento). Quando utilizado o termo “nível de detalhe”, ele se torna referente a uma técnica usada para controlar a quantidade de informações exibidas em um ambiente digital, dependendo da proximidade do observador ou da câmera em relação aos objetos ou elementos presentes no cenário. Em outras palavras, trata-se de ajustar a complexidade dos objetos conforme a sua distância em relação ao ponto de vista do usuário. Isso é feito para equilibrar a carga computacional exigida para renderizar cenas em tempo real e para proporcionar uma experiência visual mais realista e fluida. Quando utilizado o termo “nível de desenvolvimento” é utilizado, ele indica um sistema de classificação que define o grau de detalhamento e a confiabilidade das informações em um modelo de BIM ao longo das diferentes fases do projeto e do ciclo de vida da edificação. Ele proporciona uma maneira padronizada de expressar a quantidade e a qualidade das informações contidas nos objetos e componentes do modelo BIM.

LOD é uma variável que quantifica o nível em que os elementos do projeto serão desenvolvidos, portanto, ela precisa ser definida já no início do projeto, junto com o cliente (atendendo as necessidades específicas e não generalistas), entendendo quais são as demandas e como que o detalhamento deverá ser conduzido para a execução da obra do projeto em específico.

No CAD, o projetista só desenhava aquilo que já estava definido, tornando o nível de detalhe sempre igual ao de desenvolvimento. Com o BIM isso é diferente, já que em um uma biblioteca BIM os objetos podem possuir nível de detalhe muito alto, em decorrência da informação que pode ser adicionada, mas ela só se torna válida com a andamento do projeto.

 

Origem e padronização

Provavelmente, a maneira mais comum em que a indústria tem usado o termo Nível de Desenvolvimento é definido como “LOD+ Números”, como LOD 100, LOD 200 ou LOD 300.

O sistema foi concebido de maneira genérica e padronizado pelo American Institute of Architects (AIA) como ND – Nível de Desenvolvimento, atribuindo assim a importância de que não são apenas questões geométricas, mas a associação das características que envolvem um componente BIM.

O BIM Fórum (atualmente BuildingSmart) tomou a padronização do AIA como base e desenvolveu uma classificação ainda mais profunda, e que foi incorporada à padronização BIM Norte Americana. Desta maneira, é importante definir nos contratos qual o tipo de detalhamento que são desenvolvidos durante o ciclo de vida do empreendimento.

A base conceitual para o sistema LOD XXX são os “números” que descrevem diferentes “níveis de desenvolvimento” assumindo que os elementos do modelo passam por esses níveis e, portanto, aumentam os números à medida que a geometria e os dados se tornam mais específicos, atrelados a fase do empreendimento + a necessidade pontual da informação específica.

No Brasil desenvolveu-se a especificação ND como referência nacional do estado de Santa Catarina (SC – Caderno BIM), que tem como referência o BIM Fórum, sendo assim o único que vincula o LOD as etapas do projeto (EV – Estudo de Viabilidade, EP- Estudo Preliminar, AP – Anteprojeto, PL – Projeto Legal, PB – Projeto Básico, PE – Executivo, As Built). Outras interferências são o manual BIM, o caderno ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e os manuais do CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). 

 

o que é lod
Fonte: LOD e LOI | BIM Barcelona

 

Fonte: LOD – Gallery of Chetam’s School of Music | Archdaily

 

A escala de LOD na construção civil

A estrutura do SC – Caderno BIM consiste em Níveis de desenvolvimento (ND), conhecidos como LOD.  Podem variar do ND-0 ao ND-400, que corresponde ao projeto concluído e detalhado para a geração da documentação à construção, e por último o ND-500, que corresponde ao como construído (As Built).

  • ND(LOD)-0Concepção do Produto. Neste momento é estabelecido o programa de necessidades e verifica-se a viabilidade do negócio. É realizado apenas um croqui desenvolvido a fim de contribuir com a análise de viabilidade.

 

  • ND(LOD)-100Definição do produto – Estudo Preliminar (EP). É utilizado para representar uma forma geral do objeto, como um volume aproximado.Inclui elementos do projeto, como estudos de massa (3D), que podem ser representados graficamente como um símbolo ou representação genérica.


  • ND(LOD)-200Definição do produto – Anteprojeto (AP). O modelo começa a se assemelhar mais ao objeto real, mas ainda não é preciso o suficiente para detalhes de construção.


  • ND(LOD)-300Definição do produto – Projeto Legal (PL).  Nesta etapa o projeto apresenta dimensões, formas, quantidade e localização, atendendo a legislação e o código de obras. O modelo representa o objeto com precisão suficiente para permitir a coordenação e planejamento da construção.


  • ND(LOD)-350solução entre interfaces – Projeto Básico (PB).  Os elementos são desenvolvidos e aprimorados, tendo como objetivo a construção e a especificação das interfaces entre as especialidades. Nesta etapa todos os ambientes, articulações e demais componentes são claramente consolidados. Sendo estabelecido as definições para que haja o intercâmbio de informações no projeto entre todos envolvidos. Posteriormente, há uma negociação de soluções das interferências de compatibilização entre projetistas, sendo o projeto resultante ter todas as suas interfaces resolvidas. Permite a avaliação de custos, métodos construtivos e prazo de execução.

  • ND(LOD)-400Projeto Executivo (PE). Nesta etapa os elementos são detalhados com objetivo de gerar um conjunto de informações a fim de gerar uma perfeita caracterização para obras/serviços a serem executados, assim como avaliação dos custos, dos métodos construtivos e o tempo de execução. A todos elementos da construção são incorporados os detalhes necessários para construção. O resultado é um conjunto de informações técnicas claras e objetivas sobre todos os elementos, sistemas e componentes.

  • ND(LOD)-500Pós-obra – Obra concluída. O modelo reflete o objeto conforme construído, incluindo todas as mudanças e desvios que podem ter ocorrido durante a construção.



Relação da etapa de projeto

 

Relação da Etapa de Projeto
Fonte: SpBIM | Autor

 

Aplicações do LOD

 

  1. Jogos: Ele é amplamente utilizado na indústria de jogos para garantir uma experiência de jogo suave. Modelos 3D complexos são substituídos por versões mais simples quando distantes, preservando a aparência realista dos objetos próximos com o aumento no nível de detalhe.

 

  1. Simulações: Em simulações, como aquelas usadas em treinamentos militares, médicos ou industriais, o LOD é fundamental para manter a precisão das representações e garantir que o foco esteja nos detalhes relevantes para o usuário em cada momento.

 

  1. Modelagem 3D e Animação: Profissionais de modelagem e animação utilizam o LOD para criar cenas complexas de maneira mais eficiente. Além de permitir que as informações agregadas nos projetos tenham seu nível de confiabilidade alto, reduzindo a quantidade de erros.

 

 

A Importância do LOD

Comunicação aprimorada: Ele estabelece uma linguagem comum entre os membros da equipe, evitando mal-entendidos e facilitando a colaboração eficiente.

 

Planejamento preciso: A medida que o projeto avança, os detalhes se tornam mais importantes. O LOD permite um planejamento mais preciso e a identificação antecipada de problemas potenciais.

 

Redução de riscos e custos: Um modelo BIM com LOD adequado ajuda a identificar conflitos e erros antes da construção, minimizando retrabalhos e reduzindo custos.


Gestão eficiente do ciclo de vida: Ele suporta a operação e a manutenção eficazes do edifício ao longo de sua vida útil, garantindo que as informações permaneçam atualizadas e úteis.

Conclusão:

Nós da SPBIM compreendemos e incentivamos a utilização do conceito LOD (ND) no BIM, uma vez que o mesmo busca otimizar todo o processo e integra de forma concreta todas as etapas afins do desenvolvimento de informações claras e objetivas de maneira a atender as necessidades do cliente tornando adaptável a cada empreendimento e contemplando em todas as fases no projeto.