Trabalho remoto com o BIM
O trabalho remoto sempre foi realidade em muitos escritórios com escala mundial, entretanto, no Brasil devido a ao decreto oficial da quarentena pelo COVID-19, obrigou a rápida adaptação a este sistema, até então, pouco conhecido por grande parte dos trabalhadores da construção civil.
O processo de trabalho enfrenta diversos problemas para se consolidar na indústria AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção). É necessária uma mudança de mentalidade do “construir edifícios”, apresenta um grande problema de “People”, no sentido de conhecimento/treinamentos, e no “Hardware” quanto a falta de equipamentos, onde surge o termo “Peopleware”.
Algumas perguntas são necessárias ao falar em trabalho remoto, como um canteiro de obras trabalhara sem conexão com internet? Como pedir para os prestadores de serviço usarem uma tecnologia sem um treinamento prévio? Onde serão hospedados os arquivos BIM digitais denominados modelo BIM 3D.
Visando esclarecer a aplicação do trabalho remoto na indústria civil, nós da SpBIM construímos esse artigo para elucidar a importância do BIM nesse processo e explicarmos um pouco de como usarmos a metodologia BIM no trabalho remoto.
O QUE É TRABALHO REMOTO E COMO FUNCIONA?
Nesse contexto, a palavra remota é usada como sinônimo para distância, portanto expressa que alguém está trabalhando em algo, ou alguma coisa, mas não necessariamente essa pessoa estará fisicamente presente no ambiente do escritório ou espaço físico da empresa por exemplo. Dessa forma, o trabalho tem sido bastante associada às videoconferências ou às populares “call”/chamada.
Esse trabalho à distância só é possível devido a consolidação da internet e seus avanços, que já permitem tanto o trabalho por acesso à rede quanto o trabalho na nuvem. No primeiro caso estão as Calls, e as conexões por Rede Virtual Privada (VPN), também conhecida como acesso remoto, cuja função é criar “pontes de ligação” entre diferentes dispositivos via Internet.
VPN E O BIM
Existem dois tipos de VPN: o VPN Client – conecta os usuários remotos a lugares pontuais na rede. E o VPN Gateway (site-to-site) conecta uma rede remota à uma rede local, sendo bastante utilizadas para ligar diferentes pontos, como uma matriz e suas filiais. E como usar eles no BIM?
No fluxo de trabalho dos escritórios que já usam do “Teamwork” trabalho em equipe de softwares como o Revit e o Archicad, os modelos são desenvolvidos a partir de cópias cujas alterações são diretamente sincronizadas com o Modelo Central, essa modelagem geralmente encontra-se em um servidor para que possa ser acessado simultaneamente por diferentes pessoas/computadores.
Portanto, o Teamwork usa de um VPN CLIENT, para atualizar as informações entre as cópias e o modelo central. Então o maior problema desses escritórios para o trabalho remoto é estender o VPN para dispositivos com um raio de trabalho maior. Para tal finalidade existem duas soluções: trabalhar com o modelo na nuvem ou conectar o dispositivo do escritório a um outro dispositivo.
Para primeira opção, é necessário contratar um Software as a Service (SaaS), que são softwares que disponibilizam seu sistema para trabalho, ou seja, é um software que usa do VPN GATEWAY para ceder seu servidor para trabalho de terceiros. Então todos os usuários usam da nuvem para trabalho colaborativo. Atualmente, os Saas denominados no BIM como Ambiente Comum de Dados (CDE) mais usados no BIM são: Trimble Connect, ProjectWise 365, BIM360, BIMSync, Bimtrack, Autodoc 4BIM entre outros.
A opção 2, seria a utilização de uma ferramenta de VPN de ponte para acessar a máquina no escritório, ou seja , de um dispositivo on-line qualquer abre-se um app que se conecta diretamente a área de trabalho da empresa, e a pessoa passa a usar sua máquina normalmente. As ferramentas de VPN Client mais utilizadas são: o TeamViewer, o Rustdesk e o AnyDesk.
BIM DO ESCRITÓRIO PARA A OBRA NO TRABALHO REMOTO
Após a consolidação do projeto, o modelo central poderia ser exportado em IFC, e ele chegaria ao canteiro através das ferramentas de realidade virtual e de realidade aumentada como no Hololens por exemplo da Microsoft. Para tal finalidade, seria necessário que o canteiro de obras utilizasse algum dispositivo como tablets e celulares vinculados a internet.
No caso de visualizações e ampliações do modelo em obra, em um mundo ideal, o uso do BIM já possibilitaria desde o controle/qualidade de obra até a execução do projeto, tudo com o planejamento e por acesso remoto.
No primeiro cenário de controle, bastaria apenas a adoção de alguns sensores em obra, que após a varredura do construído, poderia exportar como resultado uma nuvem de pontos.
A partir desse produto, o encarregado do projeto poderia inserir a nuvem sobre o modelo e verificar se a execução está saindo como projetado e até verificar se o construído está batendo com a tabela de Gantt gerada no BIM 4D, e liberar ou retardar o controle de compras em cima dessa verificação. Um exemplo dessa tecnologia é um dos serviços realizados pela SPBIM, o tour na obra com o Matterport.
Enquanto no segundo cenário de execução, seria possível construir todo o edifício por impressão 3D, onde o modelo em BIM seria usado como base de impressão, e o edifício seria executado por uma máquina, sem a necessidade do projetista ou inúmeros prestadores de serviço comparecerem na obra.
CONCLUSÃO
Nós da SpBIM reconhecemos que o avanço da tecnologia tende a tornar a construção civil um processo cada vez mais digital, e acreditamos que para consolidação total do trabalho remoto trata-se não mais do “se” e sim do “quando”. Por isso usamos, incentivamos, ensinamos e defendemos o uso do BIM em toda e qualquer esfera da construção civil.
É necessário se adaptar a essa nova realidade não mais como um diferencial e sim como uma necessidade de se manter no mercado de trabalho.