Quais as dificuldades de implantar o BIM no Brasil?
O que é o BIM?
O Building Information Modeling é uma nova forma de gerenciar e projetar edificações através de um sistema digital integrado aos modelos (BIM3D), abastecido de dados durante todo o ciclo de vida do empreendimento. É a partir da metodologia BIM que projetistas dos mais variados segmentos da AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação) realizam trabalhos colaborativos, desenvolvendo de forma simultâneas soluções de prevenção de prejuízos em obra através de ambiente digital comum, extraindo dados de quantidade (BIM5D) e custo de automaticamente durante todo o ciclo de vida da edificação, neste artigo iremos discorrer sobre a dificuldades de implantar o BIM no Brasil
Que a utilização dessa nova forma de pensar e projetar construção civil agrega diversas vantagens aos projetistas, construtores e ao cliente final, todos já sabem, mas afinal quais são esses benefícios de fato?
As Vantagens do BIM
Quando pensamos em BIM logo associamos a desenhos automáticos, como plantas, cortes e elevações, mas sem dúvidas essa facilidade não se trata da sua principal vantagem. Ao utilizar softwares BIM você estará desenvolvendo um protótipo digital da sua construção, uma simulação, que passa por todas as fases de projeto e tendo como produto final a construção tal qual será construída. Por tratar-se de uma modelagem na escala 1:1 desenvolvida a partir do método de construção dentro do canteiro de obra, e abastecida com propriedades/dados construtivos e de aquisição reais. É possível detectar conflitos projetuais, sendo previstos e corrigidos antes de iniciar a obra, resultando em redução de custo com retrabalho e matéria prima, além do tempo de construção.
A simulação das condições sob as quais a edificação estará sujeita no ambiente físico também agrega inúmeras vantagens ao processo, reproduções de condições climáticas, cargas estruturais e diversas outras condicionantes que podem acometer a construção previnem prejuízos. Tais vantagens só podem ser obtidas a partir do trabalho colaborativo, entre todos os profissionais envolvidos no projeto, sendo essa facilidade o principal pivô das demais contribuições da metodologia.
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Bom, descrevemos acima de forma sucinta as principais vantagens da metodologia, sendo sempre comparada ao método tradicional CAD, que de acordo com o Chuck Eastman (QUEM FOI CHUCK M. EASTMAN?), é possível reduzir de 20 a 30% do tempo em etapas de projeto, resultando em um impacto significativo nos custos de projeto por homem-hora, mitigando erros, evitando prejuízos. Mas, apesar dessa notória vantagem, o BIM ainda não é uma realidade aplicada em larga escala no Brasil, diferente de outros países mundo afora.
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O BIM ao Redor do Mundo
Nos Estados Unidos por exemplo, a utilização do BIM vem sendo incentivado pelo poder público desde 2003, através da Serviço de Edifícios Públicos (PBS), que desenvolveu um plano de ação intitulado de Programa Nacional 3D-4D-BIM, o principal objetivo é estabelecer políticas de adoção ao BIM em todos os projetos envolvendo a GSA (Administração de Serviços Gerais) e demais edificações do governo, gestão de ativos, instalações e outros. Segundo Dodge Data & Analytics, responsável pelo levantamento de SmartMarket Report, a adoção da metodologia cresceu 31% em apenas 3 anos, passando de 40% em 2009 para 71% em 2012.
Já no Reino Unido vem sendo incentivada a utilização do BIM desde 2016, com principal objetivo reduzir 20% dos custos de projeto nas obras públicas, e ainda contribuir para a redução da emissão de carbono. Segundo o Bim Task Group, responsável pelo programa aplicação e definição estratégias dos níveis de maturidade BIM no UK, as metas foram divididas em três níveis. Sendo o primeiro em 2011, ainda com o desenho CAD 2D porém somando a utilização do 3D, evoluindo em 5 anos para o nível 2 do plano de ação, quando todas as obras públicas já seriam gerenciadas dentro da metodologia BIM. Já no terceiro nível em 2020 a meta estaria sendo ousada, em 4 anos a aplicação do Building Information Modeling na gestão de obras públicas e privadas.
Dificuldades de implantar o BIM: BIM no Brasil
No âmbito nacional a implantação do BIM vem sendo discutida e aplicada de forma estratégica desde 2018, através do Decreto n° 9.377, de 17 de Maio de 2018 , seguindo por quatro etapas de difusão, tendo como principal objetivo de 2018 a 2021 aumentar a produtividade das empresas em 10%, passando para um aumento da adoção em 10x de 2021 a 2024, tendo por resultado a redução do custos das obras públicas que seriam elaboradas dentro da metodologia. E por fim, na última etapa o objetivo é elevar o PIB da construção civil brasileira em 28,99%.
Dificuldades de implantar o BIM: Por que tanta resistência?
Após tantos exemplos de como o BIM vem sendo incentivado é possível perceber como trata-se, de fato, de uma metodologia importante para o segmento, afinal fazendo o uso da mesma é possível prever ganhos tanto no âmbito público quanto no privado, além de promover um aumento por profissionais especializados, fazendo com que novas oportunidade de trabalho fiquem disponíveis.
Entretanto, a implantação de qualquer inovação tecnológica com tantos benefícios apresenta muitos desafios para alcançar êxito, ainda mais tratando-se de um âmbito tão tradicional e arcaico, como é o caso da construção civil brasileira.
Não se engane, os desafios não estão só direcionados aos construtores e mão de obra no canteiro, mas inicia-se ainda na fase de adoção. Em um primeiro momento após estarem convencidos dos benefícios o processo de implantação é iniciado, com a colaboração estratégica de um Consultor BIM e um BIM Manager é definido o software de acordo com as necessidades da área, e é neste momento que o primeiro impasse é encontrado, o valor das licenças (ARCHICAD, REVIT). No Brasil principalmente, trata-se de um impacto significativo nos orçamentos das empresas, afinal trata-se de uma série de licenças sendo adquiridas em dólar ou euro, o que acaba elevando o valor final.
Em paralelo a escolha da plataforma, é necessário investimento em infraestrutura no ambiente de trabalho, necessitando de servidores para alta rotatividade de acesso (SERVIDORES BIM: NUVEM X FÍSICO), cabeamento de rede, internet de alta performam-se (FIBRA ÓTICA VS CABO NO BIM?), maquinas mais potentes (DESKTOP, WORKSTATION OU NOTEBOOK – QUAL A MELHOR OPÇÃO NO BIM?) , e tantas outras estruturas para trabalho colaborativo.
O segundo impasse está na capacitação dos profissionais, que na maioria das vezes já possuem cargos consolidados, uma vasta experiência na área, porém pouca habilidade com tecnologias, fazendo com que exista uma resistência para a migração do método CAD para o BIM. É neste cenário que os novos profissionais devem ser inseridos no time de trabalho, a fim de equilibrar as habilidades e competências. O processo de capacitação dos colaboradores também deve ser previamente definido, para garantir domínio inicial na ferramenta e em seguida compreender a nova forma de trabalho dentro dos parâmetros do software escolhido.
É durante a fase de capacitação que um novo desafio é identificado, pois muitos empresários acreditam que se trata apenas de um curso, possível de se realizar sem o auxílio de um profissional, como é o caso de um Educador BIM em parceria com o BIM Manager, que definirá as estratégias de capacitação e implantação. O que acaba gerando uma série de conflitos e adversidades, pois não possuem a experiência nessa nova forma de gerenciar e projetar – no Brasil diversos construtores e incorporadoras acabam voltando ao método tradicional após frustrações e prejuízos devido a uma implantação e implementação que não envolvem especialistas. Durante esse processo é importante manter os profissionais motivados e focados, procurando tornar os processos mais palpáveis e menos distantes da realidade, é por isso que diversas empresas incentivam treinamentos externos ou até mesmo a participação em workshops.
Um longo percurso é percorrido até a conclusão da capacitação dos profissionais, onde de fato se inicia a implementação, a utilização do método em um projeto piloto, seguindo por um projeto em andamento e o constante aperfeiçoamento do fluxo de trabalho. Porém os projetistas parceiros nem sempre estarão dispostos a enfrentarem as mesmas dificuldades e acabam não adotando o BIM, sendo então uma barreira no andamento das atividades, tornando-o um processo híbrido de BIM/CAD, não obtendo os resultados esperados.
A importância da modelagem dentro da esfera construtiva é de fato muito significativa, afinal com o BIM diversos conflitos em obra são sanados ainda na fase de projeto, porém para isso por vezes é necessário a utilização de outra plataforma para compatibilização, como Navisworks e Solibri, que fará a unificação dos modelos para identificação dos “clash detection”, demando por profissionais com experiência em construção civil, tecnologia e normas de padronização.
Por sua vez, são através das normas de padronização que diversas decisões projetuais não tomadas, mas ainda não foram adequadas ao BIM, podendo retardar a adoção por algumas áreas, como por exemplo, a ausência de Manuais BIM para projetos de instalações elétricas e hidráulicas nos municípios brasileiros.
Engenheiros estruturais tendem a aderir o Building Information Modeling, porém encontram desafios na comunicação entre modelos desenvolvidos em múltiplas plataformas, sendo assim um empecilho nas mudanças de fluxo de trabalho.
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De modo geral, esse novo processo de trabalho está baseada em gestão e inovação, é por isso que um dos empecilhos atuais vem sendo gerir informações, colaboradores e padrões de formas simultânea, demandando dos profissionais da gerência dedicação no desenvolvimento de Plano de Execução BIM (PEB), BIM Mandate e EAP , assim como sistemas específicos para gestão de projetos CDE (Commom Data Environment).
É possível perceber como os principais problemas com a adoção do BIM no Brasil estão diretamente associados à falta adaptação às novas tecnologias da AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação), sendo necessário maior atenção Governo Brasileiro para mudança na realidade na forma de projetar, orçar, planejar e construir.
CONCLUSÃO
Nós da SPBIM acreditamos que com a adoção do BIM em massa fará com que a forma de contratar e vender projetos seja transformada, fomentando o mercado da construção civil em todos os seus segmentos. Com isso as empresas nacionais, estarão abertas a ganhos significativos – além de hábitos a competir licitações em outros países.