EAP BIM: Tradicional x Quantitativos
O sucesso de um projeto de construção depende diretamente da qualidade e profundidade do seu planejamento. Quanto mais detalhado e bem estruturado, maior é a capacidade de identificar e gerenciar os componentes de maior impacto. Nesse cenário, a Estrutura Analítica de Projeto (EAP) é uma ferramenta essencial oferecida pelo Building Information Modeling (BIM), que organiza o trabalho em divisões e subdivisões claras e precisas. A EAP permite uma visão estruturada das entregas, facilitando o controle de etapas, o monitoramento de custos e a alocação de recursos ao longo do projeto. Neste artigo, exploraremos como a EAP no BIM contribui para um planejamento mais eficiente e como essa organização impacta diretamente a gestão e o sucesso das obras.
O que é uma EAP
A Estrutura Analítica de Projeto (EAP), também conhecida como Work Breakdown Structure (WBS), é uma técnica essencial na gestão de projetos, especialmente no contexto do Building Information Modeling (BIM). A EAP organiza o escopo do trabalho em componentes menores, formando uma estrutura hierárquica que facilita a programação das atividades e a priorização das entregas. Essa estrutura permite dividir o projeto em partes gerenciáveis, tornando o processo de planejamento mais acessível e eficiente. Com a EAP, é possível estabelecer uma ordem de prioridade para cada atividade, promovendo um gerenciamento mais claro e estruturado do projeto.
A EAP é uma ferramenta essencial para descrever o escopo, pois projetos sem planejamento correm o risco de se tornarem desorganizados e difíceis de gerenciar em termos de prazo e custo. Além disso, a EAP no BIM apoia o desenvolvimento dos módulos BIM 4D (cronograma) e 5D (orçamento), permitindo maior coordenação entre equipes, atividades e planejamento financeiro. Essa integração possibilita um alinhamento entre os prazos e os recursos financeiros, promovendo uma execução mais precisa e alinhada com os objetivos estratégicos.
A flexibilidade é uma das vantagens da EAP: ela pode ser estruturada em diferentes formatos, como árvores hierárquicas, diagramas analíticos ou mapas mentais. Os dados também podem ser organizados de diferentes maneiras — por pavimentos, ordem construtiva, serviços, entre outros — conforme a necessidade e a clareza para os stakeholders. A escolha do formato ideal deve considerar a forma mais eficiente de visualização e compreensão por todas as partes envolvidas.
Para desenvolver uma EAP eficaz, é necessário identificar e priorizar os elementos que demandam maior atenção, realizando a divisão com base na decomposição do projeto. O objetivo central é visualizar claramente os elementos finais que serão entregues e executados, garantindo que a EAP sirva como uma ferramenta de apoio ao planejamento e coordenação do projeto.
Em metodologias tradicionais, a EAP costuma apresentar informações básicas, como se vê em exemplos de mapas mentais. No exemplo abaixo, temos uma EAP em formato de mapa mental, onde as atividades e etapas estão organizadas por serviços, permitindo uma análise clara de como cada componente se integra à estrutura geral do projeto:
Esse exemplo de mapa mental ilustra um modelo tradicional de EAP, no qual todas as atividades são organizadas e categorizadas, facilitando a compreensão dos stakeholders sobre o andamento e a organização do projeto.
Método Quantitativo
Integrar a Estrutura Analítica de Projeto (EAP) ao método quantitativo em projetos de construção é uma estratégia que potencializa a eficiência do planejamento. Ao dividir as etapas dos projetos em componentes menores, torna-se possível atribuir valores específicos a cada parte, o que favorece o controle financeiro e a alocação de recursos. Quando essa abordagem é associada ao Building Information Modeling (BIM), é possível definir custos detalhados para cada etapa do processo, permitindo um orçamento mais preciso e alocado de maneira estratégica.
Entretanto, combinar o método quantitativo com a EAP também apresenta desafios. Um dos principais é a falta de padronização na estruturação e compartilhamento dos dados, o que pode dificultar a coordenação entre as equipes. Além disso, há um custo elevado associado à implementação desse método, incluindo investimentos em treinamentos, equipamentos e softwares especializados. A necessidade de constante atualização dos modelos BIM, fundamental para manter a precisão e utilidade dos dados, também exige computadores com placas gráficas de alto desempenho, o que pode ser um fator limitante para algumas empresas.
Apesar dessas dificuldades, os benefícios do método quantitativo integrado à EAP justificam o esforço. A aplicação dessa metodologia permite estimativas de custo mais precisas, facilita a extração de quantitativos por fase da obra, otimiza o planejamento logístico no canteiro e possibilita uma comparação mais eficaz entre o avanço real e o planejado. Esses elementos colaboram para um controle mais rigoroso do projeto e uma execução mais organizada, contribuindo para o sucesso do empreendimento.
Vinculação de dados: EAP e BIM
A integração de dados ao BIM é uma prática essencial para otimizar a análise e o gerenciamento de informações em projetos de arquitetura e engenharia. Uma maneira eficaz de realizar essa integração é utilizando o Excel para vincular informações externas, como os códigos de uma Estrutura Analítica de Projeto (EAP), aos elementos do modelo. O processo começa com a inserção de dados relevantes no modelo BIM por meio de parâmetros personalizados ou descrições configuradas no formato IFC. Esses dados funcionam como o ponto de conexão entre o modelo e a planilha.
No Excel, é criada uma planilha organizada contendo os dados correspondentes, como códigos de EAP, descrições, custos e prazos. Essa estrutura é essencial para facilitar a associação com os elementos do modelo. Em softwares como Navisworks, Revit ou Archicad, o modelo BIM é importado, e ferramentas específicas permitem vincular a planilha aos elementos modelados. Isso garante que as informações estejam sincronizadas e disponíveis para análises, simulações e acompanhamento do projeto.
Além desses softwares, há outras soluções que possuem integração nativa para trabalhar com EAP, como Synchro Pro, Bentley AECOsim, Tekla Structures e BIM 360, que oferecem funcionalidades avançadas para gestão e planejamento. O Vectorworks, embora não tenha uma integração direta, pode ser usado para esse propósito por meio da importação/exportação de dados IFC ou de ferramentas externas, como Synchro e MS Project.
Esse processo de vinculação de dados da EAP aos modelos BIM proporciona uma visão mais integrada do projeto, facilitando a coordenação entre equipes, o planejamento detalhado e a tomada de decisões fundamentadas. A utilização de ferramentas como Excel, combinadas com softwares especializados, permite explorar todo o potencial do BIM, promovendo maior eficiência e controle nos projetos.
CONCLUSÃO
Ao comparar a EAP tradicional com o método quantitativo integrado ao BIM, fica claro como este último traz uma eficiência adicional para o planejamento. Com o método quantitativo, torna-se possível especificar os custos de cada etapa do projeto, permitindo uma compreensão mais detalhada dos valores dedicados a cada atividade e recurso. Essa abordagem oferece um controle mais preciso do orçamento, o que facilita o acompanhamento e o ajuste do planejamento ao longo do desenvolvimento da obra.