Gamificação no BIM: Aprendendo arquitetura e engenharia através de jogos
A gamificação no BIM (Building Information Modeling) representa uma nova abordagem para o ensino de arquitetura e engenharia, onde elementos de jogos são aplicados ao processo de aprendizagem e desenvolvimento de projetos, gerando um ambiente mais dinâmico e envolvente, permitindo que os alunos aprendam conceitos complexos de forma prática e interativa. Este artigo irá informar como que a gamificação integrada com o BIM pode ajudar os estudantes a desenvolver habilidades e aprofundar seu conhecimento nessa metodologia que é considerada o futuro dos projetos
A Interseção entre Gamificação e BIM
A gamificação consiste na aplicação de elementos característicos dos jogos, como recompensas, progressão, metas, e sistemas de feedback, em contextos que não estão diretamente relacionados a jogos. No BIM, essa abordagem pode ser implementada de diversas formas, proporcionando uma maneira mais interativa e envolvente de aprendizado e desenvolvimento de projetos. Entre as aplicações da gamificação no BIM, destacam-se o uso de missões, desafios, sistemas de pontuação, recompensas e conquistas, que incentivam a participação ativa dos alunos e profissionais em atividades que simulam o ambiente de trabalho real.
A integração da gamificação no BIM vai além de simples tarefas. Ela permite que o BIM seja utilizado em simulações de projetos reais, onde os participantes se deparam com desafios que replicam problemas e situações típicas do mundo da construção e da engenharia. Por meio dessas simulações gamificadas, os usuários têm a oportunidade de vivenciar na prática as principais inovações que o BIM oferece, como a coordenação entre disciplinas, a resolução de conflitos e a otimização de processos construtivos. Além disso, esse tipo de abordagem possibilita que os alunos desenvolvam suas habilidades técnicas e colaborativas em um ambiente controlado, onde o erro não tem o mesmo impacto que em um projeto real, favorecendo um aprendizado mais seguro e efetivo.
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Uso prático: Realidade Aumentada
Ao observarmos um modelo 3D no computador, nem sempre conseguimos ter uma compreensão completa de como ele se comportará no ambiente real. A Realidade Aumentada surge como uma solução eficiente, permitindo a sobreposição de elementos virtuais sobre o espaço físico, ou que facilita a visualização de projetos em escala real diretamente no local da obra. Isso possibilita ajustes precisos e uma compreensão espacial aprimorada. Essa tecnologia tem aplicações tanto na execução da obra, abrangendo sistemas elétricos, hidráulicos, paredes de drywall e tubulações, quanto na fase de decoração de interiores, otimizando o planejamento e a execução.
Benefícios da Gamificação no Ensino de Arquitetura e Engenharia
As gerações mais jovens demonstram uma forte afinidade com as tecnologias, especialmente em comparação com as gerações anteriores, que não cresceram imersas no ambiente digital. A Geração Z, composta pelos jovens que estão agora ingressando em cursos de Arquitetura e Engenharia, se destaca por sua familiaridade com jogos eletrônicos, o que faz da gamificação um poderoso aliado no ensino da metodologia BIM (Building Information Modeling). Ao utilizar elementos de jogos no processo educacional, a gamificação oferece uma forma eficaz de capturar o interesse desses alunos, facilitando o engajamento com o conteúdo e aumentando a motivação ao longo dos desafios e da progressão.
A integração de jogos ao ensino de BIM não apenas mantém os alunos mais envolvidos, mas também estimula a criatividade. Os estudantes são constantemente desafiados a pensar de maneira inovadora, sendo expostos a problemas que simulam as condições reais enfrentadas em projetos de Arquitetura e Engenharia. Essa abordagem incentiva o desenvolvimento de soluções criativas, essenciais para o sucesso em projetos que demandam inovação e resolução de conflitos entre diferentes disciplinas.
Além disso, o uso de ambientes virtuais gamificados apresenta uma vantagem significativa no aprendizado, ao proporcionar um espaço seguro para que os alunos possam aprender com os erros. Ao cometerem equívocos em um ambiente virtual, os estudantes têm a oportunidade de revisar suas decisões sem comprometer o andamento de um projeto real. Isso promove o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas complexos, além de incentivar o trabalho colaborativo em equipe, uma competência fundamental no ambiente multidisciplinar do BIM.
De forma geral, a interligação entre jogos e a metodologia BIM oferece uma maneira eficaz de demonstrar na prática os benefícios dessa tecnologia para o desenvolvimento de projetos. Ao permitir que os alunos vivenciem desafios reais de forma interativa, a gamificação não apenas facilita o aprendizado das ferramentas BIM, mas também ilustra de forma clara como essa metodologia pode otimizar os processos de concepção e gestão de projetos arquitetônicos e de engenharia.
Estudos de Caso – PlayBIM
Em 2022, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conduziu um estudo dentro de uma disciplina específica da pós-graduação para investigar como a gamificação poderia auxiliar estudantes de Arquitetura e Engenharia a aprofundarem seus conhecimentos sobre o Building Information Modeling (BIM). O resultado desse estudo culminou no desenvolvimento da metodologia PlayBIM.
O PlayBIM é uma abordagem educacional que combina o ensino dos processos colaborativos do BIM com elementos de gamificação, promovendo tanto o aprendizado técnico quanto o engajamento dos participantes. A metodologia é dividida em duas etapas principais:
- Passaporte PlayBIM: Nesta fase, os participantes enfrentam desafios diretamente relacionados à modelagem BIM, utilizando softwares como o Revit. O foco é desenvolver competências técnicas essenciais, como a criação e manipulação de modelos 3D. A prática com esses softwares permite que os alunos adquiram habilidades fundamentais para a construção de modelos detalhados e otimizados.
- Projeto Colaborativo BIM3C: A segunda etapa da metodologia foca na colaboração entre diferentes disciplinas de um projeto. Usando jogos e dinâmicas, simula-se um ambiente colaborativo típico do BIM. Uma das ferramentas utilizadas é o jogo de tabuleiro BIM3C, que simula o fluxo de trabalho colaborativo entre diversas disciplinas, como arquitetura, engenharia estrutural e instalações. Além disso, um quebra-cabeça virtual é utilizado para trabalhar a compatibilização entre essas disciplinas, promovendo uma compreensão prática dos desafios e soluções necessárias em um projeto colaborativo.
O PlayBIM incorpora diversos elementos de gamificação, como:
- Avatares, que permitem aos participantes se representarem virtualmente no processo;
- Rankings e desafios, que introduzem uma competitividade saudável e estimulam o progresso individual e coletivo;
- Recompensas, que incentivam o aprendizado contínuo e mantêm os alunos motivados ao longo do curso.
Esses elementos tornam o processo de ensino mais envolvente e participativo, motivando os estudantes a se dedicarem mais às atividades e aos projetos.
Resultados do PlayBIM
A avaliação final dos projetos desenvolvidos pelos estudantes revelou resultados positivos, especialmente nos aspectos colaborativos e no aprendizado dos principais conceitos relacionados ao BIM. Após a execução dos projetos de modelagem e das atividades colaborativas, constatou-se um aumento considerável no conhecimento dos alunos sobre os processos e desafios de projetos colaborativos em BIM. O PlayBIM, ao promover uma experiência prática e interativa, foi capaz de proporcionar aos estudantes uma visão mais ampla sobre o valor da colaboração e do trabalho multidisciplinar no contexto do BIM.
Além disso, o autor do estudo destacou que a metodologia utilizada conseguiu promover um engajamento significativo dos participantes, reforçando a importância de estratégias gamificadas no ensino de conceitos técnicos complexos. Dessa forma, o PlayBIM se apresenta como uma ferramenta eficaz não só para o ensino de modelagem e coordenação de projetos em BIM, mas também para incentivar a colaboração entre profissionais de diferentes áreas, algo essencial para o sucesso de projetos de Arquitetura e Engenharia.
Conclusão
Com base na experiência proporcionada pelo PlayBIM, podemos concluir que a utilização de jogos como ferramenta pedagógica no ensino do BIM se mostrou altamente eficaz. Os alunos demonstraram uma excelente adaptação ao aprendizado através de elementos gamificados, o que abriu novas possibilidades para a educação em Arquitetura e Engenharia. Ao integrar jogos ao processo de ensino, foi possível criar um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e interativo, onde os estudantes se sentiram à vontade para arriscar e experimentar diferentes soluções sem o receio de cometer erros graves, já que as consequências eram facilmente ajustáveis dentro do contexto simulado. Essa abordagem, além de estimular a criatividade e a inovação, proporcionou um aprendizado prático e colaborativo, permitindo que os alunos desenvolvessem competências técnicas e habilidades de trabalho em equipe essenciais para o sucesso no ambiente BIM. O uso de jogos para o ensino do BIM, como demonstrado pelo PlayBIM, não só facilita a compreensão dos conceitos técnicos como também prepara os estudantes para enfrentar desafios reais de maneira mais confiante e segura, promovendo uma cultura de experimentação e resolução de problemas em um ambiente seguro.
Portanto, a gamificação aplicada ao ensino do BIM se revelou uma estratégia eficaz para engajar e motivar os alunos, e, ao mesmo tempo, uma alternativa promissora para complementar os métodos tradicionais de ensino, proporcionando uma formação mais completa e prática aos futuros profissionais de Arquitetura e Engenharia.